sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Viver sozinha é uma experiencia muito boa

Tinha 27 quando decidi organizar a minha vida de forma a morar sozinha. 

Sempre vivi, dancei e estudei no mesmo local e quando decidi mudar foi para muito perto. Confesso que na altura muitos conhecidos criticaram-me por sair de forma independente e não com algum gabiru para casar e ter filhos, muitos amigos acharam uma loucura sair do conforto do lar dos papás, uma amiga seguiu os meus passos passados uns meses e ela é a minha melhor amiga que já considero família, muitos familiares opinavam para o bem e para o mal e eu não quis nem saber disso.

Sabem porquê? Porque nunca me perguntaram se eu estava feliz, nunca se interessaram em entender as razões para além do visível e do comodo e eu não pedi opinião sem ser aos meus pais que entenderam e apoiaram-me em tudo.

A vida é simples e cheia de maravilhas quando não pagamos contas, quando o ordenado é nosso por inteiro, quando podemos gastar naquilo que quisermos e onde podemos poupar muito para aquela excentricidade maior que temos. 

Mas é muito mais difícil quando precisamos de um momento para o outro de começar a ter a nossa independência forçada pela vida e foi esse o meu pensamento. Ganhar a minha independência como mulher e ser humano e seria muito mais fácil no momento que ainda tenho os meus pais a servirem de alicerce e a darem-me noções de listas de compras, eletrodomésticos, dicas domésticas, de contratos e faturas de serviços que parecem pergaminhos para nos baralharem ainda mais do que já estamos ao ver os valores que temos de pagar.

Foi uma experiência excecional. Ter o meu canto para me resguardar quando tenho um estado de espirito mais negativo, ter a minha casa, a minha decoração, as minhas cores, a minha desarrumação, a minha estrutura, o meu cheiro. Nunca vi a minha casa como um lugar de isolamento, de solidão, vi como o meu lugar de paz para refletir, acalmar e encontrar-me com o meu Eu. 

A mudança foi cansativa e trabalhosa, imensas coisas que nem fazia ideia que tinha de comprar e das quais precisava. Parti um bocado de parede a tentar fazer um furo com um berbequim, flores não consegui ter pois deixei-as morrer todas, animais de estimação não posso ter devido há alergia ao pelo animal e penas. Queimei tachos, fiquei com o armário do Ikea ao montá-lo virado ao contrario porque não me entendi com as simples instruções, tive a PJ a porta devido a um antigo inquilino que eu substitui, a minha avô que emprestou a minha casa aos primos alentejanos sem o meu conhecimento (ela tem uma cópia da chave) e eu entrei em casa já os meus primos deitados na minha cama a dormir (desalojada na minha própria casa) e o pânico de uma lagartixa que entrou para casa, ai a minha vida! Perdi o medo de aranhas!!!!

As primeiras noites, uiiii tão medricas que eu era de passar uma noite sozinha em casa dos meus pais, custou-me mais do que eu pensaria. 

Durante a primeira semana dormir era algo que não soube bem o significado, fiquei com o sono muito mais leve desde que fui viver sozinha e o vizinho do lado não ajudava com o barulho durante a madrugada. Hoje em dia o sono continua muito leve mas já não ouço o vizinho, tal não é o hábito da sua agitação noturna (!!!!)

E assim se passaram 6 anos, ao fim de 6 anos decidi mudar-me novamente mas desta vez com um gabiru lindo que conquistou o meu coração e a minha alma. 

Lá vamos para mudanças mais uma vez!

1 comentário:

  1. Experiências únicas, é necessários aprender a gostar do nosso espaço e da nossa própria companhia.
    Beijo

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