Quando fui obrigada a repensar na minha vida...

E de repente tudo fica a preto e branco.

De repente há coisas que perdem o significado forjado que têm.
De repente somos obrigados a ver aquilo que realmente nos toca a alma.
E deixamos de pensar para amanhã, para depois. Deixamos de querer adiar.
E mais uma vez lutamos por nós mas também para nós.

As tonturas eram muitas mas a desculpa era ter acabado de acordar.
A dor de cabeça, ai essa era de ainda não ter bebido café.
A pontada na axila ao conduzir, era estranha...
Comecei a trabalhar, pois de certeza que isto tudo passava quando estivesse ocupada.
Não aconteceu.

Os sintomas pioraram e deixei de sentir o braço e a mão esquerda.

Convenceram-me a ir a farmácia e daí até estar numa ambulância foram escassos minutos.

Pensei em tudo o que me estava a alterar, pensei em tudo o que estava a fazer para chegar a este ponto. Foram mais de 7h de espera, obrigatória e no total foram 13h entre consultas/exames e no fim pedindo para não ficar internada pois estavamos em véspera da passagem de ano e eu queria passa-la entre a minha família que tanto já me tinha alertado para este possível fim e que tanto amo. A médica foi super amorosa e retirou o internamento. O hospital estava um caos, tinham faltado médicos, haviam mais de 600 pessoas em espera, era desesperante e stressante.

O meu namorado prometeu à médica que eu ficaria vigiada 24h por dia, continuaria a ser seguida até ficar totalmente bem e caso voltassem os sintomas eu iria novamente ao hospital. Ele era vitima do mau humor, do meu vicio no trabalho, do meu stress crónico, da minha falta de tempo para viver tudo o que tenho fora do ambiente laboral, das trocas de turnos/horários, dos nervos constantes.

Neste momento há um objectivo, acalmar e voltar a "viver" a minha vida pessoal e social.

Voltar a encontrar a calma, estabilidade e paz, aprendendo a lidar com este episódio e todos os seguimentos que ele me trouxe para este novo ano.